quinta-feira, 30 de agosto de 2007

UM BRINDE À VIDA

Hoje dia 31 de Agosto de 2007 faz um ano que fui operada!!!

Faço um brinde à vida!

Estou feliz por hoje estar bem. Quero continuar a brindar, por muitos e muitos anos.

A dor chega-nos nas mais variadas formas. Um arranhão.Uma ferida. Uma doença.Uma ameaça.Um nó no estômago...Foi o que senti à um ano atrás. A vida mudou muito.

Senti medo não nego! Não posso esquecer que a morte não é uma falha. Todos morremos.
Faz parte do processo da vida.

Não é possivel fingir que não dói, é preciso dar vazão aos sentimentos, chorar faz bem, alívia. Então quando sinto uma dor ou algum desconforto, a primeira coisa que faço é acalmar-me. Ser positiva é fantástico! É assim que eu sou.

Viver com alegria e aceitar as adversidades da vida.
Apreciar as pequenas coisas, sentir o vento no rosto, o sol, ouvir os pássaros, as ondas do mar, sentir os cheiros da natureza, as cores, acordar todos os dias e poder dizer obrigado.Por mais este dia.

sábado, 25 de agosto de 2007

Internada e Isolada

Continuando a minha narrativa do 2º tratamento de quimioterapia.

O médico de oncologia, foi informado do meu estado de saúde.
Disseram para ir ao hospital, que seria logo vista pelo médico. Saí de casa eram 10 da manhã, e estive à espera até às 12,30. Às tantas deitei-me nas cadeiras da sala de espera,porque já não aguentava mais.O meu filho teve que ir chamar uma enfermeira.

Então lá entrei para o consultório, e o médico quando me viu naquele estado, disse-me que teria que ser vista pelo Otorrino! Tinha um grande abcesso! Mas teria que esperar, que ele estava a operar.
Entretanto fui tirar sangue para as análises,e depois passado algum tempo, chamaram-me. O Médico examinou-me, e ao abrir-me a boca diz: Vou ter que lhe fazer uma grande maldade. Eu não conseguia falar! E os meus olhos diziam: socorro!!!

Fez-me uma punção sem anestesia, porque a boca não abria quase nada. Fui picada quatro vezes, e saiu muito, mas muito pus! Foi muito doloroso.Foram momentos dramáticos.

Fiquei internada oito dias, quatro dos quais numa sala de isolamento,para estar mais protegida das infecções.
Passados três dias, sou novamente picada três vezes.

Estes dias foram muito difíceis, estive sempre isolada! Só tinha uma visita, e eram só cinco minutos.
Finalmente fui para a enfermaria da cirurgia!!! Para mim um espaço familiar, onde eu fazia voluntariado. Senti-me quase em casa, já podia ter mais visitas. Foram mais quatro dias ali. Ao todo foram onze dias muito longos.

Estive muito perto de fazer uma septisémia. Mas a sorte protegeu-me, e fui melhorando dia a dia.
Tive alta, vim para casa feliz da vida, mas ainda a fazer muita medicação.

Esta foi uma dura batalha, mas foi vencida! Agora faz parte do passado.

Quimioterapia 2º tratamento

Depois do primeiro tratamento de quimioterapia, e dos dias de ressaca que se seguiram, comecei a trabalhar, mas com algumas restrições.
O meu trabalho ajudou-me muito. Tive uma grande força de vontade, para ir superando os momentos menos bons.
Entretanto comecei a fazer fisioterapia! Faziam massagem na costura, porque os tecidos estavam muito aderentes, e a pele muito repuxada. Também fazia ginástica aos braços, e isso ajudou bastante, para o braço ter mais elastecidade e não inchar.
Uns dias antes da 2ªquimio, comecei a ter dores de garganta. Piorei e fui à urgência do hospital, receitaram-me um anti-inflamatório.

Dia 13 de Outubro de 2006 sexta feira, compareço no hospital, para saber se podia fazer a quimio.Como não tinha febre acabei por ficar e fazer.

Durante todo o dia, andei mais ou menos bem. No sábado ao fim do dia, comecei a ficar muito mal! A garganta inflamou muito, doía tanto que não consegui dormir.
No Domingo de manhã fui novamente às urgências, o médico receita outro anti-inflamatório, mas nada fazia efeito, não dormia, não comia, já nem conseguia beber liquídos. Tudo foi muito rápido, e na terça feira de manhã, não conseguia estar de pé. Mesmo agarrada, era difícil, e já não conseguia falar.

Senti bem, como somos frágeis e impotentes, perante a doênça. Não conseguia reagir,nem comandar o meu corpo. Senti muito medo... Pensei que ia morrer.

(Continua)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

domingo, 19 de agosto de 2007

Novo Visual

Depois do primeiro tratamento de quimioterapia, o cabelo começou a cair passados dezoito dias.

Senti-me muito triste...

Já tinha decidido rapar o cabelo! Vê-lo a cair por todo o lado, é angustiante.
Foi no meu local de trabalho, que rapei o cabelo, estava na minha casa, pensava que era mais fácil, nem esperei pelo fim do dia, e ainda havia clientes. Sentei-me na cadeira , respirei fundo e lá vai "pente dois"! Armei-me em forte, mas quando me vi careca, as lágrimas foram incontroláveis... Sabia que o cabelo iria crescer de novo, e com mais força, mas foi muito difícil para mim! Ainda me parecia tudo um sonho, e ver-me assim sem cabelo foi a triste realidade, do que me estava a acontecer.

Ao fim de alguns dias, tive que rapar mais, teve que ser pente zero, porque o cabelo caía por todo o lado, e não me sentia bem. Depois deste choque inicial, fui-me habituando.

Antes de rapar o cabelo, fui a Lisboa comprar a peruca! Escolhi uma de cabelo natural, da mesma cor do meu, e com um corte igual. Tão perfeita que ninguém reparou que era peruca.
Quando chegava a casa, ia logo trocá-la por um gorro, sentia-me mais à vontade.

O tempo passou rápidamente, está quase a fazer um ano. O cabelo cresceu tão forte, que é só caracóis.Já o cortei três vezes, e os caracóis continuam ... Tenho agora outro novo visual...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Quimioterapia 1º Tratamento

Cancro e quimioterapia, duas palavras que nos fazem tremer...

Foi tudo tão rápido, e sem estar à espera, que ainda estava em estado de choque.

O médico já me tinha dito antes de ser operada, que teria que fazer quimioterapia, e o que se fala desse tratamento é tão mau... Que parecia que eu estava a adivinhar, que não seria "pera doce".

No dia 23 de Setembro de 2006 , pelas 9 horas lá fui eu acompanhada pela minha mãe!
Fui confirmar a minha presença, para fazer as análises antes do tratamento. Nessa noite pouco dormi, os pensamentos e as dúvidas tiram o sono, apesar de eu tudo fazer, para estar tranquila não consegui dormir.

Depois de fazer as análises, temos que esperar os resultados. Mais 1.30h de espera! Então vim dar uma volta pela cidade a fazer tempo. Entro para a sala ás 10,45m , começo a levar os quimicos e saio ás 15 h. Comi uma sopa e uma gelatina, mas estava muito preocupada com a minha mãe, que estava lá sem almoço. Pedi para a avisarem do tempo de espera.

A sala é pequena! Estava sempre cheia, eramos 9 pessoas. Já eram doentes habituais, uns há mais tempo, outros menos, e três reincidentes. Uma senhora vomitava o tempo todo, e isso deixava-nos mal dispostos. O tempo custava a passar.

Ao meu lado estava uma jovem, minha amiga, que ia todas as semanas. Entravamos as duas, eu vinha embora, e ela ficacava mais duas horas. Ficava sempre numa marquesa. Aquele era o seu lugar de eleição, sempre bem disposta. É um exemplo de fé e coragem, luta com garra, ainda é uma jovem, e o seu filho só tem sete anos.

Acabado o tratamento senti-me um pouco tonta, vim para a rua apanhei ar, meti-me no carro com a minha mãe, e vim para casa.
No dia seguinte, sábado já tinha uns enjoos, dores no corpo, muito rubor no rosto. Nessa noite,
já não podia virar a cabeça na almofada, tudo girava à minha volta, e foi na manhã de Domingo
que tive muitos vómitos, mas não conseguia vomitar, fiquei com a garganta toda numa lástima!
O resto do dia estive deitada, tonturas e enjoos com fartura, comida nem pensar, eram só liquídos! Foram três dias de ressaca!

Dia a dia, recomecei a fazer a minha vida! Fui trabalhar, tentando não me esforçar, e isso ajudou-me muito. Fiz uma boa alimentação, muitos batidos de frutos para ficar mais resistente, e poder aguentar o próximo tratamento.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

CADA DIA É UMA PEQUENA VIDA

Hoje dia 10 de Agosto de 2007 foi um dia especial.

Aguardado com uma certa ansiedade! Dia de consulta, fui mostrar os exames e as análises, e tive a boa notícia! Está tudo bem.



São as palavras que mais desejamos ouvir. São mágicas! Dão-nos uma força incrível, para continuar a nossa luta.

Eu hoje perguntei ao médico, a sua opinião acerca da reconstrução mamária no meu caso, e a resposta foi um pouco demorada; Há um risco de reincidência nos dois primeiros anos,(em quase todos os casos) a seguir à cirurgia. Então para não haver dissabores, vou aguardar com muita fé e esperança, que daqui a um ano possa fazer a reconstrução.



Hoje senti bem a cruel realidade, a incerteza, e o peso desse maldito bicho, que não nos deixa descansar. Mas como a esperança é a ultima a morrer, e eu sou uma mulher com fé, muito positiva, acredito que vou vencer.



Vou viver um dia de cada vez, o mais intensamente que eu puder! Esta é a minha realidade.



terça-feira, 7 de agosto de 2007

Como é bom voltar para casa

Depois de tudo...Como é bom voltar a casa!

Parecia que tinha estado ausente muito tempo, e na verdade só tinham passado cinco dias. Falei com as minhas flores, as do jardim, e as de casa, a seguir fui ver os meus cães, ficaram doidos de alegria. São lindos.
A minha mãe veio para minha casa, e com a sua ajuda tudo foi mais fácil. Como já não tenho pai, a sua disponibilidade era total. Minha querida mãe, obrigado!
Os meus queridos filhos, também foram incansáveis em tudo. Foram os meus motoristas, lá iamos ao Entroncamento á visita, ainda é longe, e apesar de irmos pela auto-estrada, os balanços do carro incomodávam-me bastante, então tinhamos que ir devagar. Foi uma aventura... quando cheguei lá, o meu marido nem queria acreditar! Eu só tinha sido operada à sete dias. Valeu pela surpresa! Eu sou assim, não à nada a fazer...

Nos primeiros dias, tudo é difícil! É o banho, o vestir, a costura a repuxar, mas depois quando nos tiram os pontos , sente-se um grande alívio.
Também fiz alergia ao penso, então assim que chegava a casa, descolava-o logo senão ficava ferida. Por três vezes o médico tirou-me duas seringas de liquído, na zona operada mas não doi, é normal acontecer. A costura sarou bem, e em pouco tempo.
Estava tudo a correr bem.

Entretanto, vou à consulta de oncologia. Entre prencher fichas, esclarecimento sobre a minha situação, e tratamento a seguir passou uma hora.
Estava sózinha com o médico, ele pouco falava, examinou-me, e então lá me perguntou o que é que eu sabia. Eu respondi que já sabia tudo, e que da quimioterapia não me livrava. Confirmou que faria 4 ciclos, com 21 dias de intervalo, e que o cabelo ia cair ao fim de 15 dias.
Passou-me uma receita para a prótese mamária, e para peruca, a meu pedido.

Marcou logo para o dia seguinte, sexta feira o primeiro tratamento, e os quatro seguintes. Seria sempre à sexta, porque assim tinha o fim de semana para descansar.
Eu já estava a pensar ir para o local de trabalho, e fui! Porque isto de ser patrão, e ( trabalhador) tem muita responsabilidade. Mas o pior estava para vir...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Depois da cirurgia

O pós-operatório passou-se bem. As dores não foram muitas, e cederam facilmente aos analgésicos. Tinha muitas picadas na zona operada, um grande desconforto, estou toda repuxada, e sinto o braço dormente. Ainda hoje sinto tudo isso, como fizeram o esvaziamento axilar, fiquei com incapacidade de 66% mas, vou-me habituando.

Estou viva, e isso é o mais importante. Porque à quem esteja bem pior infelizmente.

Saí do hospital no dia 5 de Setembro, já sem os drenos. Um deles doeu um bocado a tirar. Depois fui escolher com a enfermeira, a maminha de algodão ( feita pelas minhas colegas do voluntariado) para ir bonita.
Arranjei-me pintei os lábios, e lá vim eu com o meu filho mais velho, para casa. Quando cheguei, o meu marido já tinha ido para o Entroncamento, para ser operado ao joelho.
Grande ortopedista, e amigo. Assumiu a responsabilidade de reparar um erro grave, que outro médico cometeu.

Passámos um mau bocado os dois, nem eu o podia ajudar, nem ele a mim. Enfim parece que as coisas estão a melhorar agora, mas ainda anda a fazer fisioterapia. Estamos os dois a vencer, esta fase menos boa das nossas vidas.

Cirurgia

Agosto, não é o melhor mês para quem fica doente. O País quase que pára para férias.
No dia 23 de Agosto fui á consulta, para mostrar os exames, e saber os passos a seguir.
O médico fez tudo que lhe foi possível, e se pudesse teria feito a cirurgia, nesse dia ou nessa semana. Tentou contactar vários colegas, mas estavam todos de férias. Li nos seus olhos o desespero! Disse-me; cada dia que passa faz a diferença. Depois das suas tentativas frustadas, fui á materninade para marcarem o dia.
Só a 19 de Setembro.Não havia vagas antes dessa data, e lá vim para casa triste, por ter que esperar esse tempo todo!
Mas o meu Anjo da Guarda deve ter intervido, e no dia seguinte telefonam do hospital. Havia uma vaga! Teria que dar entrada no dia 30, e seria operada a 31. Foi muito bom! Nem tive tempo para pensar, e assim também teria mais probabilidades !!!

Segue-se a consulta de Anestesia, a Médica muito simpática, e eu com algum receio, porque não tinha boas recordações, das duas vezes que tinha levado anestesia geral. Na cirurgia a uma hérnia umbilical, e à mão. Mas a Dra tranquilizou-me, senti confiança, e correu tudo muito bem! Quando acordei na manhã do dia 1 , sim porque dormi muito, era como não tivesse passado por nada , bem disposta, sorridente, tudo correu dentro do previsto.
Um dia vi a Dra no hospital, e fui atrás dela para lhe dizer, que foi o melhor acordar que tive. Ficou contente por me ver, e eu estar a sentir-me bem.
Agradeci a Deus estar viva! Nada ia ser igual! Passei a "viver outra vez " uma vida totalmente diferente, mas que agora para mim, passou a ter mais valor.

Tornei-me numa lutadora! Sou uma sobrevivente!

domingo, 5 de agosto de 2007

Falando de mim

O meu é Alda, vivo no Oeste, numa linda Cidade perto do mar.
Não me imagino a viver longe do mar, do cheirinho a iodo, da espuma branca das ondas. Porque é olhando o azul do mar, as ondas a rebentarem com toda a sua beleza, que me acalmo nas horas de tristeza, e dúvidas quanto ao futuro.Limpo a minha mente, dos pensamentos menos bons, que por vezes me assaltam.Para mim é uma boa terapia. Tambem gosto muito de pescar, e já tenho saudades de apanhar uns peixitos.
Posso dizer que nunca tinha tido, grandes problemas com a saúde, mas quando tive que ser operada, à minha mão direita, a uma risartrose no dedo polegar, e ao canal cárpico não foi fácil!
Foi em Setembro de 2005, e o tempo de recuperação foi longo.
Dois meses e meio com gesso, e quatro meses sem poder fazer nada! Até aprendi a escrever com a mão esquerda... Para mim foi muita preocupação e incerteza, porque não sabia como ficaria. As mãos são a minha ferramenta de trabalho, mais importante. E teria que ser operada também à mão direita, mas agora está fora de questão.
Mas posso dizer que recuperei bem, e que tudo isso foi um mal menor, porque o pior surgiu no dia 11 de Julho de 2006. Numa consulta de rotina, ao fazer a mamografia e a ecografia, nesse momento o Mundo caíu-me aos pés.
O nódulo que benigno, que eu tinha desde 1997 transformou-se, e havia a suspeita de ser maligno. Não dá para descrever o que senti, nesse momento senti um turbilhão de emoções, depois bloquei, fiquei apática.Enquanto esperei pelo resultado, para entregar ao meu médico, perdi a noção do tempo. Mas tinha de reagir! Decidi que iria lutar com todas as minhas forças, nesta dura batalha: Vencer o Cancro.
Foi uma luta contra o tempo, exames e mais exames, em Agosto tudo é mais difícil e demorado,
mas não me posso queixar, em pouco mais de um mês, tinha os resultados de todos os exames. Felizmente não tinha metástases, e podia ser operada! Apesar de não ser o que desejaria, foi o melhor que me podia acontecer, porque infelizmente muitas mulheres não podem ser logo operadas, têm que fazer quimioterapia e radioterapia antes.
A opinião do meu médico foi fazer mastectomia radical, seria o mais seguro, porque era carcinoma ductal invasivo moderadamente nodular, e como esse é manhoso, tive que fazer quimioterapia.