quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Duas histórias de vida!


Artigo retirado do Jornal do Centro de Saúde. Tiragem: 46000

O que têm em comum as histórias de Teresa Nunes e Amélia Aldeia?
Estas duas mulheres travaram uma luta contra o cancro da mama durante meses a fio. Hoje, volvidos quase sete anos desde a confirmação do diagnóstico, ambas sentem-se vitoriosas por terem ganho esta batalha.
Os testemunhos de coragem de quem nunca deixou de acreditar na vida depois do cancro da mama.

Batalha contra o cancro da mama
Aos 39 anos, Amélia Aldeia foi surpreendida por um nódulo na mama direita. "De um momento para o outro, detectei algo de anormal, quando estava a tomar banho", diz. Como tinha uma consulta de rotina marcada, aproveitou a altura para expor as dúvidas à médica. Ao realizar a mamografia - uma das técnicas de detecção de anomalias no tecido mamário - foi-lhe dito que deveria "ser controlada anualmente".
Mas, por descargo de consciência, decidiu levar os exames ao centro de saúde.
A médica de família, depois de ver os resultados da mamografia, aconselhou-a a dirigir- se a uma consulta da mama, já que o nódulo apresentava uma dimensão de
3,5 cm. No hospital de Santa Maria realizou uma nova mamografia e a suspeita de cancro começava a desenhar-se.
Dias mais tarde, a biopsia confirma o diagnóstico: cancro da mama. Esta notícia, recebida no dia 6 de Dezembro de 2002, é acompanhada por uma outra informação
por parte da médica: "Vai ter de fazer uma mastectomia, pois já tem nódulos na axila". Perante o choque do momento, Amélia Aldeia ficou "anestesiada".
Mas, sem baixar as armas, decidiu seguir em frente e não esmoreceu.
"Eu aceitei a cirurgia, porque a única coisa que queria naquele momento era tirar o
cancro dentro de mim, mesmo que, para isso, tivesse de extrair a mama."
Amélia Aldeia sente que, apesar de tudo, teve "sorte", porque o cancrofoi detectado a tempo. "Clinicamente", assegura a Dr.ª Ondina Campos, chefe de serviço de Ginecologia aposentada do Centro Hospitalar de Coimbra, "podem-se encontrar nódulos através da palpação, embora a mamografia, o exame de rastreio por excelência, seja aquele que nos permite detectar precocemente qualquer alteração".
"Está preconizado que as mulheres devem realizar mamografias periódicas a partir
dos 40 anos de idade", acrescenta.
Mas, caso haja factores de risco familiares, devese iniciar mais cedo, por volta
dos 35 anos, com exames regulares de dois em dois anos." Para a especialista, a
mamografia "é o método que garante um maior sucesso terapêutico", já que "a detecção
precoce" é a palavra de ordem na luta contra o cancro.
A Prof.ª Maria João Cardoso, coordenadora do Grupo de Patologia Mamária do Hospital de S. João, no Porto, explica, ainda, que "a maior parte dos nódulos na mama não são malignos: mais de 80% têm uma origem benigna".
Um nódulo "que não dói, duro e irregular é, mais provavelmente, maligno", refere.
Embora a dor seja um sintoma em meio por cento dos tumores, Ondina Campos diz que, raramente, surge como primeiro sinal. "O mais frequente é o aparecimento de uma massa palpável (caroço) no peito". No entanto, ambas as especialistas são peremptórias em afirmar que, após suspeita ou alteração do tecido mamário, as mulheres não devem hesitar em procurar o médico assistente e, em caso de dúvida, um profissional com experiência nesta patologia.
Amélia Aldeia, hoje com 46 anos, diz que o diagnóstico precoce lhe salvou a vida.
Depois da luta contra o cancro, integrou o movimento Vencer e Viver, ajudando outras
mulheres que, como ela, se virão a braços com um carcinoma da mama. Fala com conhecimento de causa, o que legitima os seus conselhos:
"Façam a palpação antes e depois da menstruação, vão a consultas regulares e não guardem as mamografias dentro da gaveta."
A vida continua


Teresa Nunes, 45 anos, sentia-se uma mulher perfeitamente saudável.
"Não havia desconfiança de nada", recorda. Mas uma mamografia de rotina, que fez em Outubro de 2001, veio acusar o contrário. "O exame mostrou uma massa estranha, com contornos irregulares.
Os médicos pediram novos exames, por haver uma desconfiança."
No dia 15 de Novembro, foi-lhe comunicado o diagnóstico: cancro da mama.
"Passei de uma pessoa saudável a muito doente. Tive uma sensação de estranheza, porque me sentia fisicamente bem, mas os exames diziam que eu tinha cancro", lembra.
Não tinha gânglios da axila afectados, mas, por uma questão de localização do carcinoma, aconselharam-na a submeter-se a uma mastectomia: a extracção completa
do seio. "Não questionei o cancro ou a decisão dos médicos, porque a minha maior
vontade era vencer e continuar viva", realça.
Depois da cirurgia, seguiram- se os tratamentos de quimioterapia e radioterapia.
Apesar da agressividade destas terapêuticas, Teresa Nunes, consultora se seguros, diz
que teve "sorte" com os efeitos secundários. "Sofri apenas a queda de cabelo". Ironiza, no entanto, com esta situação, dizendo que esta foi a fase em que mais investiu em roupa, lenços e chapéus.
No pós-operatório, a reconstrução da mama, hoje em dia, pode ser quase imediata.
No caso de Amélia Aldeia, no dia da cirurgia foi-lhe colocado "o expansor: um
aparelho que, ao encher-se de soro, vai criando a caixa da mama".
Teresa Nunes aguardou um ano, após as 25 sessões de radioterapia, para que a cirurgia de reconstrução lhe devolvesse de novo o seio.
A consultora de seguros, tal como Amélia Aldeia, nunca parou de trabalhar, mesmo
na fase dos tratamentos.
Ambas são unânimes em afirmar que o facto de estarem ocupadas favoreceu a recuperação.
"Nunca quis meter a cabeça na areia e esconder-me deste problema", sublinha
Amélia Aldeia, reiterando: "A partir do momento em que passei por esta experiência de
cancro, comecei a dar mais valor à vida."
Já Teresa Nunes diz que deste duelo contra o cancro reteve uma lição: "Não há como
prevenir a morte, mas há forma de prevenir a morte antecipada".
A consultora de seguros reforça a ideia de que não vale a pena encobrir a doença, nem ter medo. "Este sentimento afunda-nos." Por isso, sugere que todas as mulheres olhem por si e pelo seu corpo, fazendo o rastreio regularmente.
Embora o cancro da mama seja o tumor mais frequente no sexo feminino, é, porém, o carcinoma com maior taxa de sobrevivência, se for detectado em estádios prematuros. "Quando descobrimos uma lesão prémaligna no rastreio (carcinoma in situ), a cura é de 100%", explica Maria João Cardoso.
.

5 comentários:

Isa disse...

olá Alda, que belos testemunhos.beijos

Emilia Almeida disse...

Muito bem Alda.sempre a alertar.
O que mais me faz visitar estes bloggs é isso mesmo.O testemunho das pessoas,o aprender,o
ter conhecimento para poder ajudar quem precisa,acreditar e estar alerta e preparada.

beijinhos

Mila

Anónimo disse...

causo queira deixar uma testemunho/palavrea amiga por uma boa causa http://vencerocancro.blogspot.com/

Anónimo disse...

Olá! Gosto de "viver outra vez"...
Partilho o meu blog que tem a minha experiência.
Força!
http://nasrodasdosonho.blogspot.com

Marta disse...

Olá Alda.
Costumo visitar todos os blogs relacionados com cancro, especialmente cancro da mama. Indirectamente passei por uma situação de cancro da mama e ao ler este post reconheci uma pessoa muito especial, Drª Maria João Cardoso, excelente médica e acima de tudo escelente ser humano. Ela e toda a equipa médica da Clinica da Trindade e do Hospital de S. João. Parabéns pelo blog pela força e vontade de viver.

Beijinhos
Marta - Guimarães